terça-feira, agosto 01, 2006

Pedras que Choram...




E quanto mais eu tento fugir dos pensamentos mais cenas e relatos chocantes, eu encontro. A revista Época dessa semana veio recheada de matérias da qual eu preferia nem ler...A guerra no Oriente Médio, a geração assassinada nas favelas...e ainda existem pessoas que não acreditam no final dos tempos, tanta ganância ,tanta barbárie, tanta injustiça, tanta crueldade, TANTA BURRICE!!! Gostaria de entender como o ser humano é capaz de tantas coisas ruins.E pensar que nós somos a imagem e semelhança de Deus.
Você ver crianças entrando no tráfico de drogas porque muitas vezes porque é o único referencial que elas tem, mães chorando por seus filhos assassinados...e vocês acham que isso só acontece no Rio de Janeiro? Quanta ignorância! Estou falando de Fortaleza mesmo.

Uma Fortaleza onde a maioria acha tudo lindo, eu também, mas na maioria das vezes não nos damos conta do tanto de maquiagem que existe nessa Fortaleza bela, não conhecemos a realidade tão dura que temos bem perto da gente.
Olha só um trecho da revista: “ O bairro da periferia de Fortaleza é dividido em regiões pelo crime. Quem mora de um lado não pode passar para o outro. Se for homem morre. Se for mulher, leva pedrada, apanha. “ Tive de para de estudar porque a escola fica no outro lado, e eu não podia atravessar.”
Quem conta isso é uma jovem de 17 anos “que já passou um ano levando comida para o marido preso, já esteve grávida e abortou quando ele foi assassinado. Tem 17 anos, corpo d
e menina e um olhar morto.”Sonho não tenho isso, não.”diz.

É pouco? E o sofrimento de uma mãe que mal tem dinheiro para se alimentar, mas paga todo mês o caixão do seu filho, pois quer que ele morra com dignidade. Difícil imaginar o que é a dor de uma mãe que enterrou um filho que tinha apenas 13 anos e foi morto com 78 facadas embaixo de um viaduto.
Polícia, gangues rivais, senhores do tráfico, uma vida sem muitas opções em um país onde a maioria dos assassinados são jovens, pobres e negros. Agora o difícil é saber o que nós podemos fazer? Tenho me perguntado isso... e vocês o que acham?


Leiam mais esse relato de tortura:
“ UMA FACA NO ÚTERO...
Ela diz que acordou com as facadas que o marido desferia no corpo dela. Que ele enfiou a faca na sua vagina e queria alcançar o útero.”Você é uma cobra, que bota filhos no mundo para matá-los.”, dizia. Ela mostra o corpo, a marca de cigarro, cicatrizes de facadas e socos.
Mais dois meninos foram assassinados, e o pai acreditou com mais força no pecado original da mulher. Ela continua sua história. “Agora que o último morreu quero ver quem vai te defender”, disse o marido. Grávida do primogênito, ele lhe dava chutes na barriga, bateu com cabo de aço, cortou-lhe a perna. Pisava em cima do pé, a carne abria. Aos 13 anos o garoto andava com dois revólveres na cintura. “Pai amo muito o senhor, mas se tocar na mãe de novo eu te mato”.



É essa a sociedade em que vivemos...um homem que mais parece um monstro, pois não podemos nem compará-lo a um animal, pois animal tem extinto e não maldade... que belo exemplo para seus filhos e uma mulher que se submeteu a vida toda ao marido...aceitando ser torturada e vivendo como no tempo da escravidão...será que algum dia ele teve prazer na vida? Creio que sim, o dia em que viu seu filho nascer e depois quando viu seu primeiro esboço de sorriso, sua primeira palavra....mas isso tb faz parte do passado,pois os filhos...esses foram assassinados. Ah! Esse é o relato de tortur
a é de uma senhora de 74 anos, Dona Selvina, mutilada fisicamente...mas com certeza muito mais mutilada na alma... pedras que choram.

Onde foi parar mesmo aquela frase tão falada: “Amai uns aos outros “
Desde que o mundo é mundo que existem guerras para justificar a pequenez do seres humanos, e hoje em dia é o preconceito, a tortura...será que é tão difícil amar?